No dia vinte e nove de abril de dois mil e nove foi sancionada pelo ex- presidente Luis Inácio Lula da Silva, a lei que dá o direito as mulheres acima de quarenta anos a realizarem mamografia pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.
Devido ao alto número de pessoas diagnosticadas com câncer de mama e também ao alto número de mortalidade nesses casos, foi percebida a necessidade da criação da Lei.
“O exame se tornou lei federal, pois as mulheres tinham muita dificuldade de acesso ao exame, então foi levada essa questão ao movimento de mulheres e as entidades que trabalham no combate ao câncer de mama para que de fato existisse uma política pública voltado para a saúde da mulher”, é o que aponta Ana Lúcia Cavalcante da Assessoria Técnica da Coordenadoria da Mulher.
No Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) o câncer de mama é um dos tipos de câncer de maior incidência entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de pele. Além disso, ele também é o que mais mata no país.
Infelizmente grande parte das mulheres ainda tem medo da realização da mamografia, por dor ou algum tipo de preconceito, mas sabemos que a prevenção é o melhor jeito de se combater a doença, sendo detectada ou não, é o que diz a Ginecologista Ana Cláudia Veronesi, do Grupo Ana Rosa, “além da mamografia o auto-exame das mamas é muito importante para detectar precocemente o câncer de mama, pois ele é simples, fácil de realizar e não custa dinheiro. Grande parte dos nódulos de mama é descoberta pelas próprias pacientes durante o auto-exame das mamas. Outros exames também podem ser utilizados, como por exemplo, a ultrassonografia de mamas, contudo este exame não substitui a mamografia no diagnóstico precoce do câncer de mama e deve ser indicado pelo médico somente nos casos que o mesmo julgue necessário.”
Ainda nesse conceito sobre a importância da prevenção, encontramos um problema grave: A demora na marcação do exame. Infelizmente temos que conviver com essa triste realidade, pois o cenário que encontramos é um sistema de saúde precário que não suporta a quantidade necessária desse exame, sem contar a qualidade dos laudos.
A manutenção nos mamógrafos (máquina que realiza a mamografia) é essencial para um diagnóstico preciso, sem esse atributo é impossível que SUS atenda todas as demandas.
Temos a lei que garante o acesso ao exame, mas a dificuldade em realizá-lo é grande e muito se fala, que quando se detecta o nódulo, a urgência em se fazer a mamografia é de extrema importância. Para a dona de casa Carmen Santana de quarenta e sete anos, isso foi o que impactou em seu diagnostico, “No ano de dois mil e oito, detectei através do auto-exame, realizado durante o banho, um nódulo em minha mama esquerda.
Infelizmente, além de não conseguir marcar uma consulta com mais rapidez no SUS, a mamografia teve que esperar dois meses para ser realizada, ou seja, depois desse tempo, foi realmente comprovado câncer maligno e o médico me disse que se eu tivesse realizado o exame na hora em que foi percebido o nódulo, a minha cirurgia não teria sido tão evasiva a ponto de retirar a mama inteira”.
Casos como esse acontecem diariamente, pois convivemos com um paradoxo, ou seja, ao mesmo tempo em que há uma lei que garante a realização do exame, ela é descumprida por falta de recursos e principalmente má administração desses recursos.
Em dois mil e dez foi lançado pelo Ministério da Saúde o Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo do Útero e Mama. Como principais ações foram citadas:
- Força Tarefa para monitorar a qualidade de produção dos mamógrafos.
- Criar financiamento específico para o exame de mamografia com qualidade para mulheres com 40 anos ou mais.
- Só em 2011, serão realizados 3,8 milhões de exames – Faixa etária prioritária para o rastreamento será dos 50 aos 69 anos.
- Garantir a manutenção e produção dos mamógrafos – Programa Nacional de Qualidade da Mamografia.
- Criar 50 novos centos especializados em confirmação diagnóstica.
- Financiar a ampliação dos serviços de confirmação diagnóstica nos hospitais credenciados ao SUS.
- $ 6,2 milhões adicionais por ano para aumentar a oferta de serviços de confirmação de diagnóstico e tratamento.
Reforçando o programa, em março deste ano, nossa presidente Dilma Rousseff, anunciou que para os próximos quatro anos serão investidos quatro bilhões e meio em prevenção ao câncer de mama e colo do útero. Resta saber se as brasileiras realmente terão acesso ao exame e com rapidez, já que estamos cansados de saber que o SUS (Sistema único de saúde) não é visto com bons olhos pela população.
Por Lidiane Neves